Fugir do asfalto para a areia é bom para variar o treino, distrair a cabeça e reforçar o condicionamento. Antes, tome todos os cuidados necessários
Por Igor Christ e Luisa ProchnikRio de Janeiro
A corridinha diária tem aquele sabor especial. O praticante do esporte corre, se sente melhor, fica bem humorado, em dia com a saúde e com a parte estética. Já imaginou isso tudo e ainda um cenário de tirar o fôlego? Pois é, muitos têm a sorte de treinar pertinho do mar. Mas não é apenas a beleza do local que ajuda a dar aquela animada no treino.
PALAVRA DE ESPECIALISTA
- Pela irregularidade da areia, há uma estimulação dos proprioceptores (mecanismos sensoriais que existem em nossos músculos que respondem a sinais de contração ou estiramento agudos) que ajudam na prevenção de lesões. É um terreno com menos impacto sobre as articulações, por isso é uma ótima forma de elevar o volume semanal de treinos e poupar articulações e ossos (vide "canelites"). Por outro lado, há uma exigência muscular grande, pois faz-se muita força no momento da propulsão, ou tirar o pé da areia.
Corrida na areia fofa trabalha mais a musculatura e gera mais resistência (Foto: EFE)
Se as dificuldades do terreno dão ao corredor um bom condicionamento físico, não se pode, no entanto, esquecer dos cuidados que devem ser tomados. Dr. Paulo Couto, médico ortopedista e traumatologista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, concorda que o treino na areia é benéfico para o atleta que busca melhor forma física:
- Você trabalha muito mais a musculatura em termos de equilíbrio e propriocepção, que é um mecanismo involuntário de adaptação a situações de estresse. O esforço na areia vai ser maior então, é claro que quem treina num terreno desses vai ter maior preparo físico e maior resistência, mas vai estar mais sujeito a lesões - frisou.
AREIA OU ASFALTO
As lesões são um verdadeiro tormento para os corredores. Antes de entender como evitá-las, o Dr. Paulo Couto explica a diferença entre dois tipos de terreno: asfalto e areia.
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O piso de asfalto tem como grande dificuldade o alto impacto, o que pode causar lesões nas articulações do tornozelo e do joelho, mas que podem ser amenizadas com o uso de um calçado adequado. A areia diminui consideravelmente o impacto, mas é um terreno irregular e que pode deixar o corredor mais sujeito a lesões ligamentares no tornozelo.
AREIA FOFA OU DURA
Manuel Lago explica que a areia mais dura e, portanto, menos irregular que a fofa, pode ser menos perigosa para o tornozelo. Mas ele também cita os estabilizadores de tornozelo, que dificultam muito o movimento involuntário de torcer o pé para dentro e para fora.
- Correr na areia dura é muito parecido com correr no asfalto, mas há o agravante de que a maioria dos lugares onde há areia dura, é muito inclinado, prejudicando e muito a coluna vertebral do atleta. Na areia fofa, porém, há menor impactação articular e maior desequilíbrio. Esta instabilidade do terreno, para quem não é forte o suficiente (ausência dos treinos na musculação), pode desencadear problemas crônicos como lombalgias - afirmou.
Para correr na areia, segundo Manuel Lago, o ideal é que treine descalço. Entretanto, várias praias são cheias de lixo (ainda mais em épocas festivas), o que pode se tornar um pesadelo ao corredor (vidros, espetos, latas, pontas de cigarro). Assim, recomenda-se o uso de sapatilhas ou tênis.
Em relação ao desempenho, alguns estudos apontam uma redução da velocidade se você se dedicar demais aos treinos na areia. Por isso, consulte sempre seu treinador para saber realmente qual momento do treinamento que você deve correr na areia.
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